Eu tive um colega de faculdade que dizia que uma das verdades mais absolutas era: O sistema não permite, senhor. E ele estava certo, hoje tive mais um exemplo disso. São certas coisas que depois de dois anos nos EUA você se desacostuma.
Precisamos ligar para o atendimento do cartão de crédito do Brasil para resolver um problema. Temos um telefone VoIP de Recife e então ligamos para o atendimento local. No primeiro contato claro que a ligação caiu. Aí me veio uma ideia brilhante: Já que estamos no exterior vamos ligar para o atendimento no exterior.
No verso do cartão tinha um número de São Paulo para a pessoa ligar a cobrar caso tenha problemas no exterior. Liguei direto, nem a cobrar foi, e consegui atendimento. Quer dizer, desatendimento pois o rapaz me disse que ele não poderia realizar o atendimento já que se tratava de um cartão gold mas ele ia transferir a ligação para a outra central. Expliquei ao rapaz que estávamos com problemas de teclar os números do cartão pois o telefone VoIP estava bloqueando o tom.
O rapaz falou que teria que transferir a ligação de qualquer maneira para a outra central. Eu pedi que ele então transferisse a ligação direto para uma pessoa com quem poderíamos falar os números do cartão. Ele me disse que não poderia fazer isso, que teria que transferir para a outra central e eu teria que teclar os números, eu insisti que não conseguíamos fazer isto e ele insistiu que teria que transferir.
Tentei então o golpe de mestre (eu pensava): "Você pode me transferir para o seu supervisor para eu explicar isso a ele?". O rapaz me disse que teria que transferir para a central gold, eu repeti que não conseguiria ser atendido. Aí veio o desfecho brilhante: ELE TRANSFERIU A LIGAÇÃO. E eu que me lasque para lá... "Ele que se vire", deve ter pensado.
Aí eu pergunto: Como colocam uma pessoa assim no atendimento ao cliente no exterior? Por que não colocam o telefone correto no verso do cartão?
Será que o cliente que está em viagem no exterior ligaria para o cartão de crédito só para perguntar as horas? Imagine você no alto da Torre Eiffel e tem a ideia de ligar para o cartão para saber se está chovendo no Rio de Janeiro. Não é possível que uma central de atendimento ao cliente no exterior tenha um sistema tão limitado e pior, muito pior: PESSOAS TÃO LIMITADAS.
Como estou nos EUA tinha várias alternativas de conexão, poderia usar meu celular, Skype e meu VoIP. Imagine-se num safari na África ou numa viagem para surfar numa ilha remota na Indonésia. Tenho amigos que já fizeram viagens como estas e com certeza levaram seus cartões de crédito. Você está longe de casa, tem problemas, liga para o número que te é informado e não consegue atendimento.
É inaceitável que uma operadora de cartão de crédito mundial tenha um atendimento de mercearia de quinta categoria.
Finalmente, depois de várias tentativas, conseguimos teclar os benditos números e conseguimos o atendimento. Não sem antes perder alguns fios (pretos) e ganhar outros (brancos)...